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Siegbert Franklin, novembro 2009.


Constrói a arte, o artista ? Ou é a arte que constrói o artista?

O percurso de Paloma Perez é absolutamente transparente para quem observa seu trabalho pela primeira vez.

Arte, moda, designer…

Se buscarmos mais profundamente teremos até mesmo uma carga genética de grande peso na base de sua expressão , filha e neta de estilista tem a intensidade criativa e organização estética dos grandes estilistas, o olho do fotógrafo e do artista gráfico capaz de desconstruir e reconstruir coisas que para a maioria de nós expectadores parece fácil demais e ao mesmo tempo de uma simplicidade que é extremamente difícil de se conseguir, com maestria.

Ví desenhos, objetos, fotografias, pinturas, instalações, tudo com a mesma marca de sensibilidade e técnica invejável , técnica na qual a limpeza e a disciplina são marca registrada, mas não algo de difícil acesso ou de intocável pureza, mas que traduzem um espírito forte e coerente com valores internos e estéticos absolutamente pessoais e verdadeiros nas questões que tentam tocar e nos acertar em cheio com o pensamento do artista, com sua maneira de ver o mundo e os sentimentos, suas dúvidas e suas ilhas de tranqüilidade.

É difícil falar sobre alguém que a gente conhece e gosta como amigo, mas neste caso, me sinto absolutamente livre, já que dentre os qualificativos de Paloma  como artista e mulher, simplesmente é absolutamente clara a inter-atividade entre estas duas coisas, Paloma é resultado de seu próprio trabalho, e o trabalho de Paloma é ela própria, não da para separar as duas coisas. É muito difícil ter a medida certa do acerto entre a beleza e o conteúdo, as verdades e poéticas de um criador e sua vida pessoal, e a sabedoria de se saber apenas um experimento perante o sol. 

Paloma tem isso sem vaidades nem imposições, apenas a tranqüilidade de saber por que faz e o que é.