quinta-feira, 3 de abril de 2008

A globalização

Acabo de ler a entrevista que segue. O olho ainda vai... Apesar de ter deixado de trabalhar com moda faz algum tempo. E apesar de ter alguns senões com o mundinho, tenho que concordar que tem gente seria e bacana.
Concordo com a Louise em muito...


Oh, Louise...

(jornal o estado de São Paulo)


Se há um nome entre acadêmicos da moda que realmente importa é Louise Wilson, a temida diretora da londrina Central Saint Martins que, embalada em looks que remetem a Mao, dita regras do fashion world. Vai na linha de Diana Vreeland: para ela não existe bom ou mau gosto; se você crê no que faz, cria um estilo. Anna Wintour, da Vogue América, aconselha-se com Louise, que já teve sobre suas asas, passando dias de inferno, Marc Jacobs e o creme da nova cena: Christopher Kane e Marios Schwab. Entre escolher para a Puma os designers da CSM que fizeram a coleção que a marca alemã mostrará nas Olimpíadas de Pequim e aterrissar no Brasil para o Fashion Marketing, de Glorinha Kalil, Louise falou ao Estado:

O que é necessário para fabricar um bom estilista?
Depende do que se considere bom. Faço alunos pensarem em moda como arte. Se um quer ser comercial, vendendo uma só jaqueta de 70 mil libras para Marilyn Manson e vive satisfeito com isso, ok. Quem começa uma marca, precisa, além de talento, saber administrar, marketing, mas a maioria faz bem apenas uma coisa. A beleza de saber pouco está na coragem. Quanto mais você sabe, menos se arrisca. A inocência traz o edge. Margiela resolveu nunca mostrar o rosto, quando sua marca era nova.

Diz que, quem cria, não administra. E isso é um problema. A CSM, considerada top, ensina o artista a administrar sua moda?

O trabalho é tutorial e individual. Se o aluno requisita algo assim, ativamos nossa rede e um profissional o orientará.

Chanel permanece poderosa no imaginário porque revolucionou a moda. No mundo massificado, acha que é possível repetir o que ela fez?

A sociedade precisa mudar para que a moda reaja. Naquele tempo, a mulher estava-se emancipando. Rudi Gernreich (estilista americano, a quem David Bowie deve tudo pelo look de Ziggy Stardust) diz em seu livro que até os anos 60, quando o homem pisou na Lua, houve criação. Depois disso só olhamos para trás.

Junto à Puma você escolheu alunos da CSM para fazer acessórios para as Olimpíadas da China. Qual a importância do projeto?

Dinheiro. Para estudantes e para a escola fazer um desfile de moda. E a oportunidade de criar um produto que é vendido para pessoas reais. Amo moda de rua.

O pior da moda atualmente é...

É a globalização. No mundo todo, são vistos os mesmos produtos.

Georgy, um dos alunos escolhidos pela Puma, contou que na Rússia, como no Brasil, cópias são um problema. O que ouviu falar do País?

Ambos os países são snobs porque vivem entre riqueza e pobreza, obcecados pelo perfeito, pelo cool, por marcas. Pelo que a estilista Julie van Hoven e Narcizo Rodrigues contaram, o Brasil parece Hong Kong nos anos 80. Poderia ser como NYC se tivesse uma classe média com mais poder de consumo. As pessoas precisam reagir a isso, ou o País acabará sem personalidade como Dubai, onde tudo é sobre dinheiro, luxo. Aliás, alguém tinha que remover a China do mapa para que cada país possa produzir o que sabe fazer de melhor. Do Brasil, conheço Havaianas e acho que são as melhores sandálias do mundo: confortáveis. Quero comprar várias, já que custam US$ 1. Eu pago 22 libras por um par em Londres, um absurdo.

Nenhum comentário: